quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Carta Diretoria HMSJ




Carta de Agradecimento aos Servidores e de repúdio à manifestação do Procurador da República Davy Lincoln Rocha

Prezados (as) Profissionais do HMSJ,

São inúmeras as adversidades encontradas no dia-a-dia de um hospital público. Somos solidários ao trabalho desenvolvido pelos Servidores do Hospital Municipal São José, pois é preciso resiliência para superar obstáculos e resistir as pressões. Somos gratos pelo alto nível  profissional de nossos servidores que mesmo diante de dificuldades  mantém  o sentimento de servir. Obrigado a você profissional pela consciência, amor puro e genuíno para com o próximo. Temos absoluta convicção do profissionalismo  e  do sentimento de entrega  praticados diuturnamente em favor daqueles que adentram no Hospital Municipal São José em busca de atendimento médico-hospitalar. Diante dessas certezas é que repudiamos com veemência as acusações proferidas pelo Procurador da República Sr. Davy  Lincoln na tarde de 10 de outubro de 2012 no Pronto Socorro desta unidade hospitalar.

É  muito importante  salientar que o Hospital Municipal São José é credenciado pelo Ministério da Saúde em várias especialidades médicas de alta complexidade. Pacientes são encaminhados de toda a região norte-nordeste do estado, eventualmente até de outras regiões da área de abrangência na intenção de realizar atendimento médico-hospitalar altamente especializado. 

É reconhecido que o hospital possui limitação física, porém, mesmo diante da restrição de espaço, o índice de atendimento está entre os maiores de Santa Catarina. É de conhecimento da sociedade o problema da sobrecarga de pacientes no Pronto Socorro. A causa não é atual e os efeitos  foram sentidos ao longo dos anos. O problema permanece como  um desafio para as gestões administrativas. A superlotação é recorrente mas nos inquieta e também nos causa dor.

Outro fator que nos aflige de forma visceral é a capacidade do Centro Cirúrgico. O setor trabalha no limite. Em 2011 e 2012 (dados até abril) foram 5.255 cirurgias. Do total praticamente 50% foi na área de ortopedia, evidenciando a grande vocação da unidade para o atendimento do trauma. É importante destacar que o trabalho cirúrgico vai além do ambiente operatório. Cada procedimento de alta complexidade leva em média cerca de 3 horas de duração. Após a cirurgia o paciente ficará em um leito de recuperação por 5 horas, em média e eventualmente ocupará um leito de UTI. Desta forma, o planejamento das cirurgias precisará obedecer também o fluxo de recuperação e disponibilidade de vagas. Para se ter uma idéia do número de atendimentos realizados em ortopedia, somente no mês de outubro estiveram internados no primeiro andar, 27 pacientes ortopédicos, enquanto que na ala B estiveram internados 18 pacientes na mesma especialidade médica. Atualmente mantém-se 14 pacientes ortopédicos internados no primeiro andar e 20 pacientes na Ala B.

Diante de tais considerações, é incabível pretender-se responsabilizar o Hospital Municipal São José como único executor de todos os atendimentos clínicos e cirúrgicos da população joinvilense e as demais da região norte. Igualmente, não nos resta outra observação a não ser a de condenar e reputar como infeliz a alegação do Procurador Sr. Davy Lincoln, que comparou o Hospital aos campos de concentração nazista. A declaração é deveras imprópria, pois não há nenhum tipo de tratamento desumano, tampouco de experimentos antiéticos com os pacientes que ocupam leitos de internação e observação na unidade. A comparação possui como único efeito denegrir a imagem do Hospital Municipal São José e de  atingir a moral e a dignidade de seus servidores.  O malfadado  episódio nada contribui para alcançarmos uma solução aos problemas existentes. Se a demanda por serviços de saúde no Município e região é maior do que a capacidade física e humana de nossa instituição, essa demanda reprimida advinda de inúmeros fatores não pode ser atribuída exclusivamente ao Hospital Municipal São José.


Diretoria do Hospital Municipal São José de Joinville


Joinville, 17 de outubro de 2012.